'Poder popular não precisa mais de intermediação', diz Bolsonaro no discurso da diplomação
Por Visual News Noticias
A campanha eleitoral de Bolsonaro se apoiou principalmente nas redes sociais. Ele teve de interromper a campanha de rua devido ao atentado que sofreu e, no horário eleitoral da TV, tinha somente 8 segundos a cada bloco de 12 minutos. Pelas redes sociais, ele fez discursos, pronunciamentos e manifestações tanto em mensagens como por meio de vídeos e transmissões ao vivo.
"O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição", afirmou.
Ao chegar para a cerimônia, o presidente eleito, que é capitão da reserva do Exército, cumprimentou os presentes com uma continência e foi ovacionado por parte da plateia.
A solenidade começou às 16h27 e durou uma hora. Entre os presentes, estavam os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE); os ministros Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, do STF; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes; os atuais ministros Carlos Marun (Secretaria de Governo), Joaquim Silva e Luna (Defesa), Gustavo Rocha (Diretos Humanos) e Torquato Jardim (Justiça); o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC-AL) e o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), além dos filhos de Bolsonaro, Carlos, Eduardo e Flávio, e a primeira-dama Michelle.
Durante o discurso (leia a íntegra ao final desta reportagem), Bolsonaro disse que governará para todos, sem distinção, e não somente para os que votaram nele. Agradeceu pelos mais de 57 milhões de votos recebidos no segundo turno das eleições e pediu a "confiança" dos que optaram por outros candidatos.
"Agradeço aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com o seu voto. Aos que não me apoiaram, peço a confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país", disse.
Na opinião do presidente eleito, as diferenças são "inerentes" em sociedades múltiplas e complexas como a brasileira, mas há "ideais" que aproximam os brasileiros.
"A partir de 1º de janeiro serei o presidente de todos, dos 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade, ou religião", declarou.
Em outro trecho do discurso, Bolsonaro elogiou a atuação do TSE na eleição e disse que a vitória dele nas urnas é o "reconhecimento" de que o povo escolheu os governantes "em eleições livres e justas".
Durante a campanha, porém, o presidente eleito questionou mais de uma vez a credibilidade das urnas eletrônicas e chegou a dizer que só reconheceria o resultado da eleição se ele fosse o vencedor da corrida presidencial
Em uma transmissão pelas redes sociais durante o processo eleitoral, ele falou até mesmo em "fraude" nas eleições.
Bolsonaro ressaltou que o Brasil é "uma das maiores democracias do mundo". Segundo ele, os brasileiros votaram de forma "pacífica e ordeira", expressando o desejo por mudanças.
O presidente eleito disse que país deve se orgulhar pela eleição e que seu compromisso com a "soberania do voto popular é inquebrantável".
"Nós brasileiros devemos nos orgulhar dessa conquista. Em um momento de profundas incertezas em várias partes do globo somos um exemplo de que a transformação pelo voto popular é possível", afirmou.
Bolsonaro e a presidente do TSE, Rosa Weber, caminham entre dragões da independência perfilados na sede do TSE durante cerimônia de diplomação do presidente eleito — Foto: Rafael Carvalho/Governo de Transição
Bolsonaro afirmou ainda que a "construção de uma nação mais justa e desenvolvida" exige a "ruptura com práticas que historicamente retardaram o nosso progresso".
"Não mais a corrupção. Não mais a violência. Não mais as mentiras. Não mais a manipulação ideológica. Não mais submissão do nosso destino a interesses alheios. Não mais mediocridade, complacente em detrimento do nosso desenvolvimento.", declarou.
O presidente eleito também declarou que a "pauta histórica" de reivindicações da população contempla "segurança publica e combate ao crime, igualdade de oportunidades com respeito ao mérito e ao esforço individual".
"Sempre no marco da Constituição Federal, nosso dever é transformar esses anseios em realidade", disse.
"Nossa obrigação é oferecer um Estado eficiente que faça valer a pena os impostos pagos pelos contribuintes. Nossa obrigação é garantir que os brasileiros regressem aos seus lares em segurança após um dia de trabalho. Nosso dever é oferecer condições para que o empreendedor crie empregos e gere renda ao trabalhador", acrescentou.
Após diplomar Bolsonaro, a presidente do TSE, Rosa Weber, afirmou que a democracia não se resume ao voto porque é preciso o "exercício constante de diálogo e tolerância, a compreensão das diferença".
Segundo a ministra, esse "exercício" inclui o respeito às minorias, "em especial àquelas estigmatizadas pela situação de vulnerabilidade em que injustamente se acham expostas".
"A democracia, não nos esqueçamos, repele a noção autoritária do pensamento humano", afirmou.
Rosa Weber citou a questão dos refugiados, "vítimas infelizes da terrível crise humanitária", afirmando que o Brasil está vinculado a compromissos assumidos há décadas no plano internacional.
Dirigindo-se ao presidente eleito, afirmou que a supremacia da Constituição deve ser o "norte" do próximo governo.
A entrega do diploma oficializou o resultado das urnas. É o última etapa do processo eleitoral e condição formal para a posse, marcada para 1º de janeiro.
A chapa de Bolsonaro recebeu 57,7 milhões de votos na eleição deste ano, derrotando no segundo turno a chapa de Fernando Haddad (PT).
A solenidade desta segunda-feira no plenário do TSE, em Brasília, reuniu parentes de Bolsonaro, autoridades e futuros ministros do governo. Os mandatos de Bolsonaro e de Mourão vão até 31 de dezembro de 2022.
No último dia 4, o TSE aprovou com ressalvas as contas da campanha de Bolsonaro. O julgamento era necessário para a diplomação da chapa.
Conforme a prestação, entregue pelos advogados da chapa, a campanha arrecadou R$ 4,3 milhões e gastou R$ 2,8 milhões.
Relator das contas da campanha, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que, segundo a área técnica do tribunal, grande parte das "inconsistências" na prestação de contas foi sanada após a defesa de Bolsonaro retificar a prestação.
Leia abaixo a íntegra do discurso do presidente eleito Jair Bolsonaro na cerimônia de diplomação no TSE.
Senhora ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, por intermédio de quem cumprimento os ministros do Tribunal Superior Eleitoral,
Senador Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República,
General Mourão, vice-presidente da República eleito, e senhora Paula Morão,
Senador Eunício Oliveira, presidente do Senado Federal,
Deputado Rodrigo Maia, meu companheiro, presidente da Câmara dos Deputados,
Senhor ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, por intermédio de quem cumprimento os ministros do Supremo Tribunal Federal aqui presentes,
Senhoras e senhores ministros de Estado, comandantes de Força, almirante Leal Ferreira, comandante da Marinha; general Villas Bôas, comandante do Exército; tenente Nivaldo Rossato, comandante da Aeronáutica,
Senhora Raquel Dodge, procuradora-geral da República e procuradora-geral eleitoral,
Senhoras e senhores parlamentares, senhoras e senhores presidentes de tribunais superiores,
Senhor Cláudio Lamachia, presidente do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil,
Também agradeço à minha esposa, Michelle, meus filhos e minha filha que representam toda a família,
Senhoras e senhores, em primeiro lugar, quero agrader a Deus por estar vivo e também agradecer a Deus por essa missão à frente do Executivo. Tenho certeza que ao lado dele venceremos os obstáculos.
Parabenizo aqui a família da Justiça Eleitoral pelo extraordinário trabalho realizado nas eleições de outubro do corrente ano.
A cada um de vocês, integrantes do TSE, dos tribunais regionais eleitorais, das Forças Armadas e do serviço exterior brasileiro, mesários, voluntários e tantos outros cidadãos que participaram das eleições, expresso meu muito obrigado e o meu reconhecimento por esta demonstração de civismo e amor ao Brasil.
Hoje, eu e meu contemporâneo, general Hamilton Mourão, recebemos os diplomas que nos habilitam à investidura nos cargos de presidente e vice-presidente da República.
Trata-se do reconhecimento de que o povo escolheu seus representantes em eleições livres e justas, como determina a nossa Constituição.
Não poderia estar mais honrado com a confiança demonstrada pelo povo brasileiro. Essa vitória não é só minha. O caminho que me trouxe aqui foi longo e nem sempre foi fácil.
Durante minha vida pública como militar, vereador e deputado federal, sempre me pautei pelos valores da família, pelos interesses do Brasil e pela soberania nacional. Orientei a plataforma da minha campanha à Presidência pela defesa desses valores.
A todos aqueles que me apoiaram e que confiaram em minha capacidade de lutar em favor do Brasil, o meu muito obrigado. Agradeço com carinho à minha família, à minha mãe Olinda, ainda viva, com 91 anos, minha esposa, Michelle, meus filhos Flávio, Carlos, Eduardo e Renan, e à minha querida filha, Laura.
Nada disso teria sido possível sem o apoio e o amor incondicional de vocês.
Agradeço também a todos que acreditaram e estiveram comigo desde o início da minha trajetória, nos momentos felizes, mas, sobretudo, nos momentos difíceis. Essa vitória é de todos nós.
Agradeço mais especialmente aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com o seu voto. Aos que não me apoiaram, peço a sua confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país.
A partir de 1º de janeiro, serei o presidente de 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos, sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade ou religião.
Com humildade, coragem e perseverança, e temos fé em Deus para iluminar minhas decisões, me dedicarei dia e noite pelo objetivo que nos une: a construção de um Brasil próspero, justo, seguro e que ocupe o lugar que lhe cabe entre as grandes nações do mundo. Esse é o nosso norte, esse é o nosso compromisso.
Senhoras e senhores, somos uma das maiores democracias do mundo. Cento e vinte milhões de brasileiros compareceram às urnas de forma pacífica e ordeira. Respondemos ao dever cívico do voto e com serenidade e responsabilidade.
Nós brasileiros devemos nos orgulhar dessa conquista. Em um momento de profundas incertezas em várias partes do globo, somos um exemplo de que a transformação por parte do voto popular é possível.
Esse processo é irreversível. Nosso compromisso com a soberania do voto popular é inquebrantável.
Senhoras e senhores, os desejos de mudanças foram expressos de forma clara nas eleições. A população quer paz e prosperidade, sem abdicar dos valores que caracterizam o povo brasileiro.
Nossa gente é trabalhadora, constituída por homens e mulheres, por mães e pais que criam seus filhos com suor e dedicação. Temos todos a esperança de uma vida digna. Gente que não mede esforços pelo sustento de seus familiares. Gente que precisa de um governo que garanta condições adequadas para desenvolver seu potencial com liberdade e criatividade.
A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer uma ruptura com práticas que, historicamente, retardaram o nosso progresso.
Não mais a corrupção. Não mais a violência. Não mais as mentiras. Não mais a manipulação ideológica. Não mais submissão do nosso destino a interesses alheios. Não mais mediocridade, complacente em detrimento ao nosso desenvolvimento.
Todos nós conhecemos a pauta histórica de reivindicações da população brasileira: segurança pública e combate ao crime, igualdade de oportunidade com respeito ao mérito e ao esforço individual.
Todos sabemos disso, mas ainda não conseguimos oferecer à população o que lhe cabe, com dever de Estado. Sempre no marco da Constituição Federal, nosso dever é transformar esses anseios em realidade. Nossa obrigação é oferecer um Estado eficiente que faça valer a pena os impostos pagos pelos contribuintes.
Nossa obrigação é garantir que os brasileiros regressem aos seus lares em segurança após um dia de trabalho. Nosso dever é oferecer condições para que o empreendedor crie empregos e gere renda ao trabalhador.
Tenho plena consciência dos desafios que se colocam diante de nós. Sem subestimá-los, trabalharei com afinco para que daqui a quatro anos possamos olhar para trás com orgulho pelo caminho trilhado em benefício do nosso amado Brasil.
Senhoras e senhores, vivenciamos um novo tempo. As eleições de outubro revelaram uma realidade distinta das práticas do passado.
O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição.
Diferenças são inerentes a uma sociedade múltipla e complexa como a nossa, mas jamais devemos nos afastar do ideiais que nos unem: o amor à pátria e o compromisso com a construção de um presente de paz e de futuro mais próspero.
Senhora ministra Rosa Weber, senhores ministros do TSE, senhoras e senhores, que esse trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo eleitoral seja um exemplo da união em prol do Brasil.
Com o apoio e o engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro. Vamos resgatar o orgulho pelas cores da nossa bandeira e pela força do nosso hino. Porque temos certeza de que esse país tem como destino a prosperidade e a paz.
O Brasil deve estar acima de tudo. Que Deus abençoe o nosso país e a todos nós brasileiros.
Meu muito obrigado a todos.
G1
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